Proteína C Reativa (PCR) – Interpretação Clínica

A PCR , uma proteína sintetizada pelo fígado  é , provalmente , o marcador mais sensível para expressar uma reação inflamatória ou necrose tissular . Ela tem uma vida média de 5 a 7 horas e , por causa disso , seus valores retornam ao normal mais ràpidamente que qualquer outra proteína de fase aguda . Na maioria dos pacientes acometidos de infecção ( até 70% ) , a sua elevação precede em até 12 horas a elevação de outros parâmetros de resposta inflamatória como a velocidade de hemossedimentação ( VHS ) , a leucocitose e a febre .

Sua concentração sérica está muito aumentada , atingindo valores de até 100 mg/L ou mais em resposta inflamatória mediada por neutrófilos ou monócitos . Quando a resposta inflmatória é mediada primariamente por linfócitos ( típica das infecções virais) , sua elevação não ocorre ou então se eleva discretamente com seus valores raramente passando de 26 mg/L . Concentrações muito elevadas , iguais ou maiores que 200 mg/L , tem sensibilidade de 70% e especificidade de 100% para o diagnóstico de infecção , com valor prediditivo positivo de 100% .

Outro dado de valor neste marcador é que a concentração da PCR não é afetada por anti-inflamatórios ( inclusive esteróides ) nem por imunossupressores , e quando sua concentração sérica cai , indica realmente uma involução da resposta inflamatória . No infarto agudo do miocárdio podem ser encontrados níveis séricos de até 350 mg/L , com pico máximo em torno da 50ª hora. A persistência de valores elevados após a 100ª hora ou mais é sugestiva de progressão do quadro isquêmico ou associação com outra patologia .

Na pielonefrite a concentração da PCR é  geralmente  maior que 100 mg/L e , no quadro de cistite ela normalmente não passa de 13 mg/L . A PCR também é útil para distinguir entre doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Na primeira a PCR  está elevada e sua concentração se correlaciona com a extensão e atividade desta patologia , enquanto na colite ulcerativa sua concentração é usualmente menor que 26 mg/L , não se relacionando com sua extensão e sintomatologia ( desde que o paciente não tenha uma infecção paralela ) . Patologia que aumentam muito a concentração sérica da PCR : infecções bacterianas ; espondilite anquilosante ; IAM ;doença de Crohn; artrite psoriática ; síndrome de Reiter; febre reumática ; artrite reumatóide em fase de agudização com exacerbação dos sintomas ; complicações trombo-embólicas pós cirúrgicas ; vasculites . Patologias que mostram pequenas elevações séricas da PCR : LES ; esclerodermia ; dermatomiosite ; polimiosite ; a maioria das infecções virais ; doença mista do tecido conjuntivo ; hepatite crônica ativa ; leucemias ; colite ulcerativa . Elevações da PCR nestas patologias a níveis de 100 mg/L ou mais , é forte indicação de infecção bacteriana secundária .

Dr. Paulo Roberto Saad